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Impossível seria passar
despercebido. O fenômeno cidade, que já nos acompanha enquanto objeto de estudo e
de atuação profissional, concentra paradigmas percebidos não somente por nós arquitetos, urbanistas,
engenheiros, geógrafos, historiadores e demais profissionais que
atuam sobre a problemática urbana: sua imagem na paisagem.
Recentemente lançado, o
documentário fotográfico “Vale do Aço antes e depois”, de Mário de Carvalho
Neto e Elvira Nascimento, presencia a
trajetória histórica e evolução urbanística da Região Metropolitana do Vale do
Aço, pelas cidades de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Timóteo e
Santana do Paraíso, em seu
principal loccus enquanto manifestação
humana: a paisagem.
Considera-se paisagem a
imagem resultante da síntese de todos os elementos presentes em determinado
local. Outra definição, tradicional, de paisagem é a de um espaço
territorial abrangido pelo olhar. Pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que
a vista abarca. É formada não apenas por volumes, mas também por cores,
movimento, odores, sons etc. [1]
As paisagens culturais –
também chamadas de paisagens antrópicas – são as expressões das atividades
humanas. Elas constroem-se a partir da utilização e transformação dos elementos
da natureza pelas atividades realizadas pelo homem. Portanto, todas as
edificações artificialmente construídas, bem como as intervenções não naturais
sobre o espaço constituem paisagens culturais, como o espaço de uma cidade ou
um campo de produção agrícola.[2] A Paisagem
Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional,
representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a
vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores.[3]
0 conceito de paisagem cultural, embora existente há
muito tempo no campo da geografia passou a ser examinado com mais atenção no
campo patrimonial nas últimas décadas do século XX, exatamente pelo seu
potencial de associar meio-ambiente e cultura, além de incorporar com mais
acuidade as discussões sobre a dinâmica de transformações causadas pelo homem
aos seus próprios assentamentos . O exame deste conceito e suas formas de
aplicação á realidade, desdobram estudos em colóquios e seminários vêm sendo
empreendidos no Brasil há mais de 3 anos, demonstrando o compromisso das
instituições de preservação com a vanguarda dos instrumentos de proteção ao
patrimônio, entre eles, o Seminário Paisagem Cultural como Patrimônio,
realizado em 27 de outubro de 2014, Iepha, Minas Gerais e o 2º Colóquio
Ibero Americano Paisagem Cultural: desafios e perspectivas, realizado em Belo
Horizonte, de 19 a 21 de novembro de 2014.
O
fato é que a ideia de “paisagem cultural” tem aberto novas possibilidades para
a área do patrimônio, combinando aspectos materiais e imateriais do conceito,
muitas vezes pensados separadamente, indicando as interações significativas
entre o homem e o meio ambiente natural. Com isso, recoloca-se o próprio campo
do patrimônio cultural, abrindo-se uma perspectiva contemporânea para, ao lado
das novas contribuições se pensar também de forma mais integrada diversas
ideias tradicionais do campo da preservação.[4]
Destaca- se
portanto, a contribuição da publicação, em especial para a exposição de uma dimensão da idéia da
paisagem cultural, por sua natureza conceitual. A publicação é,
indubitavelmente, uma investigação sobre a idéia de paisagem cultural, novo
marco teórico que articula de forma inextricável os aspectos materiais e
imateriais do conceito de patrimônio, muitas vezes pensados separadamente,
indicando as interações significativas entre o homem e o meio-ambiente natural.
As instituições
de controle e de gestão urbanas, órgãos públicos ligados ao tema, demonstram,
pelas imagens publicadas no livro, deficiências na gestão das cidades e a
carência de subsídios, levantamentos técnicos e pesquisas voltadas para abordagens
desta natureza, que possam melhorar suas atuações
no sentido da promoção da qualidade
do espaço urbano.
O documentário fotográfico, maneira criativa, destaca implicações a serem consideradas para as
políticas de valorização e intervenção no meio ambiente urbano, tais quais: planejamento
coadunado com a trajetória histórica da ocupação territorial no Vale do Aço; políticas de patrimônio cultural como condicionantes nas etapas de elaboração
de planos e projetos urbanos de uso e
ocupação do solo; o uso da imagem da cidade como instrumento de planejamento que reflete a verdadeira problemática urbana, um verdadeiro reflexo que permite, sem omissões, a
leitura da cidade; captação de recursos para manutenção e desenvolvimento das
identidades formadoras do traço cultural do vale do aço enquanto região
metropolitana, entre outros possíveis apontamentos a serem levantados,
partindo- se apenas desta obra como referência.
Concluindo, este
seria um caminho a ser percorrido no sentido do estabelecimento das condições
de cidades competentes, criativas, sustentáveis e dignas, que é o que nós, cidadãos,
esperamos para viver.
[1] Disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Paisagem.
Acesso em19/12/2014.
[2]Disponível em::http://www.brasilescola.com/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm
Acesso
em 19/12/2014.
[4] Disponível
em: : http://saojoaodelreitransparente.com.br/events/view/2700.
Acesso em: 19/12/2014.